PAZ SEM VOZ NÃO É PAZ

PAZ SEM VOZ NÃO É PAZ
É MEDO

Gente, bem, já faz algumas décadas que não escrevo aqui, muitas coisas já se passaram, águas e águas rolaram por cima da ponte (Nova Orleans) ou águas de março publicadas em Setembro, finaizinhos.

EDIT: A revisão destes textos está sendo feita ao som de “O patrão nosso de cada dia”, SECOS E MOLHADOS.

Temor é respeito?

Vc confia em quem tem medo de Vc?

Vc confia no silêncio?

Nada mais belíssima que esta já clássica frase do O RAPPA; bem, enquanto ela estava lá, pendurada na favela em homenagem ao rito, em homenagem à cultura popular brasileira, eu não a via; estava invisível a mim; logo, eu precisei de um sopapo da mídia, uma paulada da Carnavalização; precisei ouvir a música cantada pela Maria Rita. (não que a ache referência para qualquer coisa; talvez referência que o vazio cultural necessita para sobreviver nas massas). Bem, sou massa, metonimicamente faço parte dessa “vida de gado”.

Parem e pensem nessa frase: Paz sem voz não é paz é medo;; hummm
Uma paz ausente de ação, uma paz ausente, perdida em meio a si mesma; a paz enquanto negação do direito de “agir/falar” é repressão, não é paz. Na construção foram utilizados recursos simples da semântica/semiótica que podem ser descritos da seguinte forma:

PAZ nominalizador / ícone; atribuído “sem” ausência; (não-poder-fazer/ser);
Por silogismo, ou predicação de símiles: medo é a permuta. No medo está o não-saber (mistério, surpresa) o não-poder/fazer, o não poder/ser.
Os semas agregados constituem um isotopia entre “medo” e “sem voz”. O sema contextual / virtuema “repressão” é possibilitado mediante a conexão entre potências enunciativas. (GREIMAS, 1999)

O novo / velho disco do Rappa está por aí “O silêncio que precede o esporro”;

E nele encontrei algumas coisas literariamente interessantes; ouvi, pensei (ou pensei e ouvi) e .... ainda estou a ouvir. Mas acho que há algo novo no ar. Um método de escrita interessante, que exige uma espécie de EX- Tudo. “Reza Vela”; “Linha Vermelha”. Bem, pessoal, acho que devamos resgatar “o processo de composição aparente do RAPPA”. Merece uma olhada científico / literária. (voltarei a falar disso com mais dados, espero).

ROCK and RULES

Realmente a coisa anda muito Rock no Brasil. Pedreiras que desabam em dossiês, CPI, e tudo mais. Agora, ROCK mesmo anda os Shows que estão acontecendo pelo Brasil; será que nos tornamos uma civilização, economicamente estável, e portanto, economicamente POP? Se isto, é MAGNÍFICO. Todos devem ter acesso ao que acontece de bom no mundo.
No dia 23 de outubro, nada mais nada menos do que um set de pauladas, pasmem:

MIA, Árcade Fire, Kings of Leon e Strokes.

Simplesmente o set do ano. No mesmo dia. (TIM festival). Ninguém precisa falar de Strokes para entender o pós-punk/mais punk/Velvet Undergound/Internet que já vimos até hoje. A revolução Strokes está/esteve por aqui no Brasil, sendo abertos pelo Kings.




MIA, no termo indie, já virou carne de vaca. Inventou de mixar/divulgar o puro sangue funk carioca. No meu humilde critério musical, algo como dendê no bacalhau, tomadas as devidas proporções. Já tocando em minha razão pura, ou senso de musicalidade interior, não curti muito.

O que anda empurrando os autofalantes em casa é Kings of Leon. A mais perfeita face Pop do Cowtry. Melodias e rapidez, talvez a fórmula do Rock atual, talvez a minha fórmula de música nesse instante da minha vida.


Por falar em Indie: tem gente dando surtos de “efeito Placebo”, afirmando que a Banda Placebo acabou. Sim, acabou. Pelo simples fato de ter tocado aqui, ter sido democratizada, todos agora amam suas músicas, quem não tinha acesso compra no streetshopping (vulgo camelô). Isto é ruim? Só porque os mauricinhos não vão poder perguntar: vc conhece Placebo? Não; Há. Magnífica banda. Vc precisa escutar. Silogismo 2. Vc conhece Placebo. Sim!!!. Péssima banda.

LITERATURAS

Não existe nada melhor que perceber como os processos de criação literária andam, veiculam, e criam marcas na linguagem. Na política literária, a forma procura o conteúdo como os corpos se procuram nos dias de namoro. Entender a condição de criação literária a partir do preâmbulo do processo, é algo que deve ser atentado. Este pequeno ensaio tenta resgatar os estudos literários e o pensamento crítico que o pós-estruturalismo viabilizou nas décadas de 70 e 80. Vamos a ele.


QUESTÕES DE ESTÉTICA


a) O QUE ME FAZ CONSTRUÍDO PELO DISCURSO LITERÁRIO, COMO SER E COMO SUJEITO DA CULTURA?


Não posso considerar a obra de arte literária simplesmente por aquele suporte material (texto) que me irrompe na consciência lingüística, visto de maneira parcial na folha do papel, emoldurado à publicação. Nem tampouco limitar sua existência dentro do meu hemisfério de sentido, dentro da minha solitária compreensão de signos. A obra é uma somatória de toda uma performance da cultura. Desde o momento da criação, à escrita (enunciação), publicação e aceitação pela plataforma simbólica social. (Note que este momento inicial de criação está premeditado no feedback do autor, que não é só parte total dele: existem as impressões do momento, as leituras do momento que volúveis, escaparam sobre suas mãos, o amor, o clima, a palpitação que avassalaram sua formação, dados que não estão mais presentes). Quando a obra passa pela crítica, já está intimamente filtrada por uma convenção discursiva, por meios de analisar, por critérios políticos, sociais e econômicos. Não podemos de todo, então, afirmar que a obra que nos vem em mãos é simplesmente o novo pelo novo. A bola de neve que o processo criativo incitou em dado momento histórico, avassala toda uma gama de informações que vão sendo agregadas ao texto, que ora metamorfoseado de outra coisa ainda não previsível, está em andamento e acabamento. E eis que o mistério desta jornada da obra frente ao mundo cultural, como um projétil a cruzar o hiper-espaço semiótico, recebendo impactos adversos de outros textos, novas leituras e novas posturas, atritos maiores ou menores, brilhando mais ou menos, nada mais é do que a obra em formação. Se dado o longíquo trajeto, ela ainda permenecer viva e pulsante, com o frescor natural que o combate da viagem cultural não esgotara, estará em nossas mãos ainda uma pequena parte do que chamamos de obra. Ainda haverá o peso do nome. O nome autoral. Sua autoridade diante das ideologias, sua permanência e sua inerência dentro dos novos discursos. Ainda haverá o peso do gênero. Constrito dentro de sua excelência ou sofistificação, aberto pelo popular. Achará abrigo no coração do servo ou do senhor? Ainda haverá a minha existência enquanto senhor do meu plano interpretativo. Senhor parcial dos meus motivos. Senhor minoritário dos meus sentidos. E escravo dos meus sentimentos.
Logo, aquilo que chamamos de obra, esta pequena fração textual, resíduo material do processo, não é mais nada senão a fagulha da lembrança, o sêmem incitador da reconstrução do processo. Aquilo que ora nos cai à mão, como folha de papel e tipografia, será o gene da memória coletiva e individual, que abrirá as câmaras ocultas do processo literário, acordará os fantasmas da composição, do primeiro momento onde o grito fora dado pelo autor, ainda em sua consciência. Recobrará o momento onde o projétil fora lançado, todo seu percurso pelo universo semiótico e será muito mais pleno e glorioso.
Faço parte do texto enquanto um maravilhoso e sublime processo literário. Posso, com a escrita, compor OBRA. Sou eu e o texto dando relevo ao nome: OBRA. E dessa forma incorrer à iniciação, onde o processo abrirá frente aos olhos, terminando parcialmente nas últimas instâncias da minha emoção. Decodificando o mistério textual, inscrito não em palavras, mas em códigos (signos) que carregam todo o peso da ancestralidade e cultura de outrora, sou leitor, passo a re-construir eras e momentos, passo a renomear e irremediavelmente, projeto-me enquanto emoção e passo a existir enquanto ser. O meu re-conhecimento próprio enquanto “saber” está construído pela plataforma da representação. Existindo enquanto representação “imagem” e “conceito” passo a comunicar-me integralmente com a literatura. Crio em mim um espaço de existência onde convivo com os símbolos mais naturais e mais artificiais à minha própria noção de vida.
Obra é um vago nome para um infinito processo. O que é fato, é que dada as proporções disto, ter um discurso coerente sobre a arte é apenas excitá-la naquilo que ela tem: o poder de representação.

“A mitologia grega possibilitou a primeira forma de intersecção de um plano semiótico superior, onde os signos pudessem estar dentro de um ambiente de espacialidade semiótica. Este espaço semiótico já fora previstos nos códigos estéticos do Iluminismo. Eriçados no plano espistemológico e ouriçados no discurso social. Hoje, o intercâmbio de novos signos volúveis dão a dimensão de um Hiper-Espaço semiótico, onde a história já nos possibilitou hierarquizar discursos. O Cyber-espaço dá a dimensão do futuro, onde não só as relações estão horizontalizadas, mas também verticalizadas. Paradigmas cruzam-se à paradigmas. A importância maior de tudo é a viabilidade da comunicação simbólica.”

Nota avulsa sobre Espaço Semiótico incitado por Umberto Eco.

b) POSSO ENTENDER A LITERATURA (ARTE) COMO A DILUIÇÃO SIMBÓLICA (LINGUAGEM) DA IMAGEM, O SENTIDO E O BELO?

Imerso no desconhecer apenas sinto. Imerso no desconhecer ambiciono, tensiono, e não poupo esforços para desvendar o “novo”. A novidade atrai pelo caráter puro das relações. Os sentidos impuros são os apontados pelos “clichês” naturais de nossa aprendizagem. A arte sempre nos ensina a desaprender. Relacionando pelas sensações estamos a definir um grau zero. Não existem fórmulas prontas, não existe história senão aquela dada de assombro pela antiguidade do verso. Pensar pelo sentimento é enxergar somente a imagem. A imagem sem dono, a imagem ausente, a imagem pulsante e sensorial não possui nome. Renomear é minha atitude frente ao signo, que desleixado, que à procura de dono, entrega-se de corpo e alma a minha ostentação simbólica. Renomeio e procuro neste ato um prenúncio de contato. Um ponte de coesão onde surgem apenas banalidades. Procuro no banal um motivo para escapar do óbvio. O óbvio massifica, caustifica o nome, e o que queremos é o ato de renomear. Renomear sem relação aparente com o real. Que o mais ínfimo real seja apenas imagem. Seja apenas suporte para chegar ao novo, para chegar no topo de onde quero estar: o sentido. Não renomeio por acaso, renomeio o “nome” porque sinto. Sentir é meu processo e a imagem é minha oração. No entremeio de uma explicação parcial ao meu ato de renomear, desdobro sentidos. O que são estes senão partículas de minha intenção de sentir? O que são estes senão minha vontade de existir enquanto discurso?
A linguagem sustenta as imagens que procuro para sentir. Sentido-as, renomeio e explico meus motivos. Minha incapacidade de explicar meus motivos é polissemia.

Nota avulsa incitada por Júlio Cortásar, In: Valize de Cronópio.



ESPECIALMENTE, PUBLICAREI MEU BLOG TODAS AS SEGUNDAS FEIRAS, NA RESSACA DO NADA / TUDO FAZER E DO NADA / TUDO SER, DOMINGO A TARDE....
CONTO COM A PRESENÇA DE TODOS NESTE ESPAÇO.

OBS: PRÓXIMO BLOG TEREMOS TRÊS POETAS DO CURSO DE LETRAS EM PERFORMANCES ANTOLÓGICAS.

Abraços.

Comentários

Anônimo disse…
olá!!!!!!!!!!!!
Fazia muito tempo q eu ñ comentava aqui....mas..resolvi fazer uma humilde visitinha aqui;
não vou comentar sobre o texto p/ ñ li tudo; mas..quero deixar aqui uma coisa q encontrei nas minhas leituras...
“A pintura é poesia muda, e a poesia, pintura que fala”.
t+