UM PRESENTE LITERÁRIO A TODOS
O TEOLITÉRIAS está de volta;
depois de quase dois meses sem postagem,
voltamos a ativa novamente;
Para tanto, vos presenteio com este belíssimo poema
em prosa de Jorge de Lima; Um achado, uma pérola;
Um dos grandes poemas em prosa da nossa língua,
que consegue subverter os limites entre o plástico e o verbal;
Aproveitem o presente e contemplem o sublime momento da poesia;
Abraços a todos;
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O grande desastre aéreo de ontem
Para Cândido Portinari
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, 2 v, v. 1, p. 237).
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COMENTÁRIOS: Prof. Rômulo Giácome de Oliveira Fernandes
depois de quase dois meses sem postagem,
voltamos a ativa novamente;
Para tanto, vos presenteio com este belíssimo poema
em prosa de Jorge de Lima; Um achado, uma pérola;
Um dos grandes poemas em prosa da nossa língua,
que consegue subverter os limites entre o plástico e o verbal;
Aproveitem o presente e contemplem o sublime momento da poesia;
Abraços a todos;
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O grande desastre aéreo de ontem
Para Cândido Portinari
Vejo sangue no ar,
vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice.
E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão.
Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor.
Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida.
Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas, como se dançassem ainda.
E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a prima-dona com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa.
E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos.
Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranqüila e cega!
Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento.
Chove sangue sobre as nuvens de Deus.
E há poetas míopes que pensam que é o arrebol.
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, 2 v, v. 1, p. 237).
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COMENTÁRIOS: Prof. Rômulo Giácome de Oliveira Fernandes
Que belíssima pérola da contemplação. Na montagem plástica de uma cena, dinâmica e demarcada por um elemento caótico, existe dança, movimento, coreografia alargada pelos signos imagéticos, pela dimensão espacial (espaço físico, espaço dimensional). Em meio a uma explosão sugerida pelo desastre de avião, esta sensação tônica se dispersa em fragmentos de arte, de cores. A belíssima situação sêmica de uma catástrofe, catalisada e projetada na tela de sensibilidade (piloto com uma flor para amada), dançarinas sutilmente existindo e bailando, ramalhete de rosas contrastando com a dimensão azul do céu em meio a chuva de sangue. A técnica cubista se esbalda em um realismo dilacerante do impacto, da dor e do som das turbinas do avião, dos gritos e dos sons do próprio movimento. Nesta polifonia encarnada no êxtase da morte, habita a plenitude da arte. Que linda preciosidade. Abraços.
Comentários
conheço esse poema... é o q foi utilizado na pós-grad??????
falando em pós...tá quase no fim..como passou rápido
eae..como estão os comentários do grupo "top"???????
1 abraço
andress
recebeu o e-mail ref. trab. alcione??
ah..será q vc pode enviar o modelo do projeto do tcc?
obrigada
t+
Andress
andressdaniely@hotmail.com
irmanzinha.adam@bol.com.br