FESTIVAL DE ROCK CASARÃO – PORTO VELHO

FESTIVAL DE ROCK CASARÃO – PORTO VELHO
Por Rômulo Giacome


As trombetas (guitarras) do rock and roll soaram nas margens do Rio Madeira.
Na convulsão do rio e da história, às margens da(s) madeira(s) que decem vagarosamete no leito marrom das águas, a criatividade rompeu as teias do mais do mesmo.
Sob a luz alucinógena das kaiser quentes (quase trocadilho infame com Kaiser Kiefs) a brisa do madeira estava vaporífera. Eu e Helem trocávamos olhares às bordas do caldeirão.


Mas exalava uma noite linda, aberta, que pronunciava e prenunciava seu maravilhoso interregno. A primeira banda a literalmente “tocar” a todos com uma energia feminina e sensual, totalmente paralisante e anestésica foi a banda de mato grosso do sul (Campo Grande) Dimitri Pellz. A vocalista interpretava o imenso devaneio de ideais comunistas, alicerçadas teoricamente por uma boa costura de guitarra e bateria. O tecladista, icônico, estampava no peito a camiseta “quase!” clássica do Velvet and Nico; placa icônica para estabelecer um contato com a cultura indie da velha guarda. E o arranjo comia o ferro, estabelecendo uma conexão que beirava o punk e o rock metal, quase Iggy Pop, quase tudo que é bom, muito bom. Nesta letargia e profunsão de sensações, Dimitri revelava por entre as cortinas da performance, um bateirista ensadecido (que nos bastidores ficamos sabendo que é casado com a vocalista, e ambos são formados em rádio e TV). Um baixista no bate cabeça que dava gosto e um guitarrista em posição guitar air mas que em seu monólogo foi extremamante competente. O som estava claro, só não estava claro o open bar da festa, que revelava, em suas frestas, cerveja quente transpirando pelos poros dos copos descartáveis. Dimitri Pellz teve seu nome referendado na revista Roling Stones como uma banda que merece ser ouvida. E como merece.




Correndo por fora, duas moças meigas e delicadas desfilavam seus vestidos longos e com temas woodstock; guitarras e baixos poderiam ser a fuga dos punks e siber punks que estivessem por alí, mas o prelúdio da catarse veio com estas meninas, aparentemente frágeis e anacrônicas. O bate cabeça veio ao som doce e multifacetado daquelas vozes, ora meigas e ora fortes, ora com falsetes e trejeitos lindinhos; era a surpreendente e extasiante banda MINI BOX LUNAR. O bateirista e baixista concentravam sobre si o peso quase singelo, mas a levada e a forma encantadora com que as músicas iam se desdobrando, confirmaram a idéia de que vibração muitas vezes não é sinônimo de peso. Cantando como um mutantes infantilizado (no melhor e nais sincero dos elogios) a viagem à lua ia rápida, embalada por flertes de marchinhas, cirandas, rodas e outras formas de rock pulsante, com teclados e baixos fortes e atuantes, com letras que falam de soldados amarelos, despertadores que lembram ainda mais você, piqueniques lunares e tudo de bom.


Ao acabar o sonho, que não acabou, fui atropelado pelo acordar, quase compromissado em conhecer o head line da noite, motivo da viagem de 500 kms que eu, helem, meu amigo Bernardo e Mariana enfrentamos até aqui: a banda Mop Top. E conseguimos entrar no camarim (vantagem obtida via de contato anterior e perseverança e sagacidade do amigo Bernardo). Lá dentro encontramos o baixista e o guitarrista, e logo após chegou o bateirista, conhecido virtual que comentou um post aqui do TEOLITERIAS. O interior do camarim, com seu sistema refrigerado, seu silêncio e seu caráter protetivo, a luz forte branca, me fizeram entrar em outro tempo, em um time lento, paralelo aos acontecimentios anteriores e futuros, as fotografias com os caras da banda, a chegada séria do vocalista Gabriel;

Quando saí da sala, o Bernardo já estava com uma bolsinha na mão e dentro aparentemente um CD (que viria ser mesmo um CD, pois naquele momento não era) e do lado a moça frágil, a diva do fora do eixo, aquela que cantava o melhor heavy metal com uma marchinha deliciosa, sincera e intensa, a década de 60 que nunca foi e agora realmente era. E aí está materialização daquele segundo sonho, tempo / momento / instante que a euforia da bebida, a sensação de criatividade que exalava dali, somente o céu nos proporcionaria.

Após aquela pausa de mim mesmo, fui rever as fotos com o MOPtop e o que eu vi foi um homem ficando calvo; eu;;;



Mas (mais) algumas kaisers quentes com gelo e a combinação auricular e crítica me envolveram na seguinte frase “você tira a roupa / você tem uma tatuagem de cicatriz”. E lá no palco a cena estava completa: um percusionista ensandecido, e um vocalista “per forma action” que plantava bananeira, trocava o microfone e olhava com fogo nos olhos e o coração em epítetos de palavras e paronomásias; perfeito;

Relembrando o show dos PORCAS BORBOLETAS agora consigo definir toda aquela sensação louca que tive em vê-los tocando. Está na enunciação, está na enunciação meus caros linguistas e analistas do discurso; no modo como a palavra falada se enviesa na palavra cantada, dita e redita, exclamada, palavra com grito, coro e choro, palavra expressão com expressão, com força e interpretação; mas não é só a palavra falada / cantada, é a intervenção de guitarra na hora certa, o feeling de “MENOS’ musicasssssaaaa; segredo revelado, força pop / cult / hit, música grande e completa, sutil, tudo; que música esta “menos”!!!!! eu acho que é isso mesmo, ‘viver menos para viver mais”; viverei menos então; do mesmo naipe e da “forma” pop vem “EU” do disco Carinho com os dentes (2005); é o limite de Arnaldo Antunes, o limítrofe limite entre Arnaldo e sua fórmula convencionada pelos álbuns maravilhosos O SOM e o SILÊNCIO; é o limite entre isto e outro ainda grande e novo, eles mesmos; PORCAS BORBOLETAS tem assinatura própria, tem peso próprio e forma própria; da lavra maravilhosa de “nome próprio” e “estrela decadente” que ouvi em Porto Velho e nunca mais esqueci e esquecerei.

Link do blog e local para download do disco A PASSEIO
http://www.porcasborboletas.com.br/
Pude “dividir um chiclete” com os caras da banda e a coisa estava muito maluca, que os próprios espíritos queriam sair na foto; a intervenção espiritual só foi contornada a partir da terceira foto; acalentados pela missão cumprida, os espíritos já previam que o MOPTOP não ia demorar.



A surpresa era querer ver aquilo que eu já havia previsto; a banda MOPTOP no show arrasa; o peso é maior na bateria, o vocal é muito bom e o trabalho de guitarra pontilhando “a lá novo rock pós-punhk” os momentos de solo são uma grande sacada. Destaque para a “minha música” “Aonde quer chegar” e a intensidade com que ficou “Contramão”.
Ao final, um show interrompido pelo horário, as meninas satisfeitas mas cançadas, a sensação de que poderia ter escutado mais uma e tomado mais uma (...)
Acho que fui atropelado por um trem...estive em meio à fina nata do novo rock original basileiro.

Comentários

Geane disse…
Imperdoável!!!

Vcs estiveram em Pvh e nem me deram um alô, putz!!!

:(
Fabrício disse…
Rômulo, devolvi a visita. Cara, é impressioannte como você é eclético. Vai facilmente, num estalo, de Tião Carrero e Pardinho a Janis Joplin. Li o post. Esse Bernardo é mala, né? Tá em todas! Abraço.
Era mesmo Kaiser? Tem certeza que não era Cipó Mariri e Chacrona?
O dopping das palavras é de emudecer a insanidade e umidecer as idéias.
Parabéns pela genialidade!
o correto é umedecer
Fico imaginando vocês absortos ao som das guitarras (trombetas?!) experimentando o que há de mais experimental nisso que tanto gostam.

Bela experiência, não tenho dúvida

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Abraço
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