O QUADRADO SEMIÓTICO: COMO FUNCIONA?
O quadrado semiótico é uma metodologia de análise textual com alto poder de êxito na desconstrução e explicação dos sentidos dos textos, sendo cientificamente uma abordagem eficaz e explicativa do fenômeno discursivo. Neste texto tentaremos dissecar sua lógica de aplicação.
Primeiramente é importante entender que a lógica de aplicação nasce de uma perspectiva estruturalista (1960), tendo base nos Círculos Linguísticos e nos conceitos de oposição. Como o quadrado é uma modalidade de lógica de aplicação, faz-se necessário compreender os mecanismos operacionais por detrás do seu funcionamento, e usar da dedução gestáltica para combinar as informações.
1 Primeira: Buscar referências teóricas resumidas, mas com precisão ao método, a partir de uma sugestão de leitura em autores com certa aplicação metodológica.
Menor resumo possível, bem sucedido, da teoria feito por
NASCIMENTO, T. R. C. Apostila de Semiótica. UNAERP, 2002.
Base teórica a partir de Diana Luz Pessoa de Barros
2 Segunda: Um modelo de aplicação essencial e básico, proto-estruturado, apresentando um exemplo simples, que deflagra o seu Percurso Gerativo de Sentido. Grosso modo, a semiótica busca descrever o percurso gerativo de sentido desde sua origem mais profunda, até sua narrativização humana, concluindo na discursividade.
Nível Fundamental
Nível Narrativo
Nível Discursivo
Utilizaremos como objeto de análise a seguinte narrativa, que tem modelo repetido em vários outros produtos: (Novelas Mexicanas)
"Mercedes mora no campo e é pobre; vai para a cidade e trabalha na fábrica de Miguel; Miguel é rico e possui uma mãe controladora, Maria; Mercedes conhece Miguel que se apaixona por ela; Maria não quer o relacionamento e tem conduta reprovável; Miguel tem uma ex-namorada, Valentina, que luta por cima de tudo para segurar Miguel, e não é rica nem pobre; Mercedes casa com Miguel e fica bela e rica;"
NÍVEL FUNDAMENTAL (descobrir a oposição básica)
1 Nível Fundamental (Posses)
S1 Pobreza contrário S2 Riqueza
n S2 não-Riqueza contraditório n S1 não-pobreza
2 Nível Fundamental (Conduta)
S1 Bondade contrário S2 Maldade
n S2 não-Maldade contraditório n S1 não-Bondade
NÍVEL NARRATIVO
S1 Bondade contrário S2 Maldade
Mercedes Maria
n S2 não-Maldade contraditório n S1 não-Bondade
Miguel Valentina
n S2 não-Maldade contraditório n S1 não-Bondade
NÍVEL NARRATIVO
Esta oposição básica vai evoluir para a presença humana, de Agentes, chamados de Actantes. Aqui os personagens já podem ser inseridos:
S1 Pobreza contrário S2 Riqueza
Mercedes Miguel / Maria
n S2 não-Riqueza contraditório n S1 não-pobreza
Miguel Valentina
S1 Bondade contrário S2 Maldade
Mercedes Maria
n S2 não-Maldade contraditório n S1 não-Bondade
Miguel Valentina
Programa Narrativo - Importantíssimo, pois incide no desdobramento da narrativa e seu encadeamento.
Relações de Conjunção e Disjunção que alimentam a Narrativa:
Mercedes Disjunção (oposição) Miguel
Mercedes Disjunção Maria
Mercedes Disjunção Valentina
Após a análise da tipologia competência, ou seja, modalizarmos um "fazer" narrativo a estes actantes, temos a seguinte combinação: lembrando que os fazeres estão no eixo do: querer, dever, poder e saber.
Mercedes (Poder-Beleza/Bondade) conjunção Miguel (Querer/Poder)
Mercedes tem um poder-fazer, pois é bela e tem caráter, que seduz Miguel, que está sob um querer e um poder, pois também é belo e possui valores.
A narrativa imprime seu andamento modal e gerativo de sentido na relação entre Mercedes e Maria (sogra);
Mercedes (Poder-Beleza/Bondade) disjunção Maria (Querer/Poder)
Ao analisarmos pelo eixo narrativo do (Poder), Posses, temos a seguinte relação:
Mercedes (não poder) fracasso Maria (poder)
Mas se o eixo a ser analisado for (Poder/Saber) sob a ótica da bondade, teremos:
Mercedes (poder/saber) sucesso Maria (não-poder/saber)
Por meio dos cunhos moralizantes, dos tons românticos, (predominantes na narrativa exemplo) alguns valores narrativos modais vão prevalecer no início, mas depois serão neutralizados pelos valores pontuados:
Mercedes (Bela/Boa) fracasso frente Maria/Valentina (Dinheiro/maldade)
Mercedes (Poder) sucesso frente Miguel (Dinheiro/Valores)
Mercedes (Poder/Miguel) sucesso frente Maria/Valentina
Na aparente simplicidade, temos a busca de entender o nível fundamental, a proto-narrativa ou as tensões que iniciam todo o processo.
Toda narrativa está seguramente assentada sobre tensões básicas, que quando localizadas seus elementos modalizantes; atores, desdobramentos, competências, etc, apresentam o percurso gerativo de sentido.
Em linhas gerais, iniciamos procurando a oposição básica, presente em toda e qualquer narrativa; logo após inserimos um sujeito e um objeto, chamados de actantes.
O nível discursivo faremos em outra oportunidade.
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