COLAÇÃO DE GRAU LETRAS 2014 - UM MOMENTO EPIFÂNICO
O texto a seguir constitui-se do discurso que proferi , orgulhoso, enquanto paraninfo da turma de Letras 2014.
EPIFANIA
Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da
essência de algo. Também pode ser um termo usado para a realização de um sonho
com difícil percalço.
Para um fenômeno epifânico, penso, deveras é
preciso duas coisas: alguém; o ser, o indivíduo; e uma circunstância. Um
momento. Mas não podemos confundir a epifania como um profundo momento de
alegria ou júbilo. Talvez para os fãs de futebol o gol do time amado seja de
profunda felicidade, mas não epifânico. A festa de aniversário surpresa, ainda
não seria epifânico. Uma vez que este fenômeno promove uma possibilidade além
humana; um efeito tão transcendental quanto a capacidade do espírito do ser,
que não pode ser medida, não pode ser limitado a pequenas e fortuitas
vicissitudes diárias;
Logo, para o entendimento deste momento tão
sublime, talvez entrem pouquíssimas situações em nossa vida. Ou talvez nenhuma.
Pobre o ser humano que tenha passado por esta vida sem um grande momento, um
momento epifânico de verdade. Como inexplicável, talvez só exemplos nos possam
instaurar a dimensão deste fenômeno.
Muitas vezes epifânico é o nascer do filho, do
outro lado da sala, escutado pelo pai; epifânico é o primeiro olhar da mãe,
ainda atordoada, para com seu bebê, ali entregue pelo médico; epifânico é a
grandeza do casamento para os que realmente amam; da vitória da fé sobre a doença
para aqueles que realmente creem; a vitória da amizade sobre as desavenças para
aqueles que realmente fiam; e a vitória real para aqueles que realmente lutam.
Sensível é o momento epifânico. Não pela
epiderme, ou para a mente em estado alerta; mas sim para o espírito ousado que
quer sair, voar, e tem que se lembrar de ainda conter-se.
E além de tudo, de muito mais aqui não
descrito, mas não menos importante, a vitória de todos aqueles que, lutando dia
a dia, muitas vezes com dificuldades quase instransponíveis, barreiras
insalubres, materializadas em problemas emocionais, doenças, perdas na família,
dificuldades conjugais, problemas financeiros, possam bramir o peito, levantar
o gládio e gritar: sim; venci; estou aqui; superei; recebo agora o prêmio da
academia; recebo agora os méritos do conhecimento; os bônus do aprendizado;
entro por aquela porta, de peito erguido, segurando o meu diploma! E posso
agora afirmar: esse é um momento epifânico! Único em sua essência! perfeito,
pois nos faz compreender os esforços que perpetraram! E a grandeza da luta! E olhar
para si mesmo, em evolução, em uma entrada cercada de luz e cor, tal qual um deja vu, da vitória.
A todos os professores, egressos do curso de
Letras, turma 2014, Aproveitem esse momento epifânico: esse singular e raro
momento de auto-reconhecimento, de reconhecimento da sociedade ante a vossa
vitória, do reconhecimento de vossos familiares, filhos, pais, netos e companheiros!
Enchei-vos de orgulho aqueles que te cercam,
que agora querem absorver esta epifania também. Enchei-vos de orgulho,
mostrando o valor da luta; provando que quanto mais retesado o arco da
promessa, mais longe o voo;
Dediquem este momento a vocês; os protagonistas
desta batalha; mas mentalizem e foquem em quem sempre esteve junto de vós; a
todos aqueles que estiveram lado a lado: família, amigos e professores;
E em homenagem a esse momento epifânico, eu
quero fazer a última chamada enquanto acadêmicos do sétimo período de Letras,
mesmo que não mais:
Triste daquele que foge da epifania. E que
acredita que as colisões não deixam marcas boas. E acreditem; vocês podem
tentar esquecer de mim, e de todos os professores; destas salas e destes muros.
Mas nós não esqueceremos de vocês jamais. Parabéns a todos. Muito obrigado.
Comentários
bom tê-la por aqui
quem sabe você pode ser uma colaboradora do TEOLITERIAS?
Pensa nisso aí
Abração e sucesso