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O QUE O FILME “PÉ PEQUENO” NOS FALA SOBRE ESTADO E VERDADES ATUAIS?
Este texto analisa algumas indagações provocadas pelo filme culminando em refletir o momento atual, de Nacionalismo no Mundo e no Brasil, com uma motivação da sociedade para buscar segurança em valores aparentemente imutáveis como Nação e Família.
O filme Pé pequeno é
uma animação infantil, produzida pela Pixar e dirigida por Karey Kirkpatrick.
Nada mais oportuno. Ultimamente não é raro sair do cinema cheio de
questionamentos. Os filmes infantis estão e, em certa medida, nunca decepcionam
em caráter de construir sutis observações sobre a realidade, seja qual for.
Neste "Pé pequeno", o olhar está voltado para as Leis que estruturam um estado,
no caso a sociedade dos Yets gelados.
No primeiro plano narrativo, tudo desemboca para a cilada
das normas e seus segredos obscuros; estas leis são esculpidas em pedras, o que
garante ainda mais sua legitimidade, e protegidas por um ancião, responsável
por garantí-las e aplicá-las. O que em si configura-se um positivismo de soslaio entre o Idealismo Românico e Alemão.
Mas nem todos estão satisfeitos com Leis
esculpidas que não aceitam contraposição; não aceitam ser questionadas e têm
como princípios a ignorância e a manutenção da curiosidade afastada. Qual a sociedade, estruturada sobre normas morais e sociais esculpidas no ordenamento
jurídico positivo, que aceita e propõem questionamentos? As normas, consubstanciadas em Leis, têm em
sua composição a rejeição do questionar.
Mas em segundo plano conhecemos os motivos que levam
estas Leis existirem. Elas seriam para manter a máquina social funcionando;
manter a sociedade equilibrada e, principalmente, protegida de grupos hostis.
Por meio delas e das verdades construídas, a sociedade dos Yets são protegidas
e mantidas a distância dos humanos perigosos. Uma mentira legítima, que serve
para assegurar a manutenção de um grupo inteiro.
Logo, temos um primeiro paroxismo: uma falsa leitura da
realidade para manutenção do equilíbrio social ou a verdade hostil, que pode
levar à destruição? Dos passos históricos do Direito Natural e suas leis
simples, até o Direito de Hobbes, que propõem o Leviatã, perpassando pelos Estados mais
liberais, da propriedade e direitos sociais, nós sempre fomos dependentes de
leituras construídas sobre a voz da autoridade e que formatam nossa visão e
nosso estar no seio social. É o que tecnicamente é chamado por Lyotard de "legitimação das narrativas".
A necessidade de equilíbrio por meio de um outro que
constrói as regras está materializada no Direito, nas funções do Estado e na
própria religião. Também na noção de Pátria, nação e família.
Evoluímos
rumo às descobertas e evoluímos enquanto raça; sofisticamos a nossa cultura e
otimizamos a comunicação humana, diminuindo o planeta. Nossos
questionamentos e batalhas ideológicas de liberdade nos permitiram rever
crenças e credos, questionar nosso sexo e gênero, permitiu ver além, não
sabendo no que iria ocasionar.
Mas o
homem, como participante social, nacional e global,
voltou-se às bases e busca ardentemente suas leis esculpidas na pedra. Busca a
força e rudeza da norma para colocar-se na lógica novamente, para sentir-se inserido, participante. (o que podemos antever no filme A onda).
Será
que enquanto raça e cultura, nascemos para viver sem as leis esculpidas em
Pedra? Somos animais livres? Ou necessitamos ardentemente da segurança das normas?
O
Nacionalismo está novamente em voga; lemas como pátria e família tornaram-se
pedras de toque. A busca da segurança das regras que um dia foram rígidas e
claras. O homem está atrás da clareza das normas de instituições seculares como a
religião. Não é um fenômeno exclusivamente
Brasileiro; mas é um fenômeno mundial; países liberais da Europa elegendo
nacionalistas, regimes socialistas na América do Sul esculpindo ditaduras de
esquerda; direitas ultra-radicais; religiosidades flamejantes e partidárias.
Todos vendendo segurança e Leis esculpidas em pedras, que muitas vezes podem
não representar a verdade.
Infelizmente vivemos em uma montanha rodeada de fumaça; pouco sabemos e o que sabemos está
amplamente filtrado, assim como a sociedade Yets, que vive feliz.
Ver
abaixo da fumaça ou viver sem questionar? O homem cansou de questionar e quer
conforto? Quais as implicações de viver sem as normas? O homem chegou perto do flamejar da maior liberdade e almeja, agora, uma espécie de segurança, mesmo que isso qualifique-se como retrocesso? Isto tem relação com as eleições presidenciais no Brasil e no Mundo?
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