CLÁUDIO MANUEL DA COSTA POR ANTÔNIO CÂNDIDO

Org. Rômulo Giácome de Oliveira Fernandes


1. À primeira vista o poeta apud pode ser considerado excessivamente Lusófilo; mas escondido entre suas linhas e seu perfeccionismo estético, esconde-se um grande apreciador da beleza mineira;

2.O uso recorrente da rocha é uma marcação de “referência”; o que pode determinar o uso da imagem nítida: emoldurada (presença de totalidade, começo, meio e fim); busca de um referencial artístico, uma forma de não evadir para a totalidade do sentimento;

3.Uso de imagens com caracteres humanos: realça no antropomorfismo o sublime necessário, sem sair do real Arcádio e necessário do clássico; tentar sensibilidade na razão; (tirar leite de rocha).

4.Cruzamento de sensações dentro do limite do natural; formação de uma mentalidade árcade;

5.O uso de montes e penhascos é uma pequena prova do seu uso constante de referência à terra natal; contrapondo planaltos, planícies e pradarias recorrentes na poesia árcade luso-hispânica;

6.Uso de proporções na instância da narrativa dos poemas; isto porque queria um contraponto com a cultura grega;

7.Dialética entre um “momento pátrio e regional” para um “homem beletrista e deslumbrado pela metrópole”;

8.A participação cultural é feita em grande parte pela autoria; ter o sangue mesmo dos portugueses, eis um sonho de produção; mas existe uma esperança de ser aceito e famoso através de seu talento;

9.A dupla convenção de Cláudio o faz vítima de uma dualidade; sentimentalmente ligado aos penhascos de minas; esteticamente deslumbrado dos padrões portugueses;

10.O dilema de manter estas duas identidades povoa um conceito de fidelidade às duas mães: grande tema de seus pastores e de seu buculismo.

11.Conflito: estrofe (pag.87) fruto da dupla fidelidade; por outro lado, ressalta uma nítida contravenção entre o apolíneo e o dionisíaco; bem como entre a razão e o sentimento;

12.A tentativa árcade de exprimir a temática brasileira colonial através do mito exótico, da narrativa heroica, das lutas, como o fez Santa Rita Durão; (caramuru); o contrário perpassou Cláudio; muito ligado à realidade, não conseguia sair do eixo totalmente literário, impregnando sua poética também de fatos e linhas teóricas políticas;

13.O caminho percorrido por Cláudio: do Bairrista; Árcade; Ilustrado; Inconfidente;

14.Cláudio personifica o árcade perfeito e confesso; oriundo de uma linhagem cultista fortemente ladrada pelas academias;

15.A saída do barroco cultista se dá pela força da reforma e do Iluminismo: a busca de respostas seguia paralela a busca de verdades. Esta, estava sempre mais próxima da lógica e da razão do que nos ornamentos e sofismas do cultismo;

16.Cláudio conseguiu uma grande potência poética quando reuniu o refine (refinamento), com o cultismo decadente, entrando nos limiares do populismo, período fortemente araigado em Portugal.

17.Como pequenos traços de estilo, conseguiu a construção de uma sonoridade harmônica; metáforas com símiles greco-romanos ao mesmo tempo que românticas; como bom sonetista, mantinha a tradição viva de Quevedo bem como o dote popular de Camões;

18.Um dos temas recorrentes de Cláudio é o amante infeliz. Como forma de fuga aos entremeios da paixão, evade-se nas reflexões e contemplações espirituais; busca na retórica barroca um mecanismo de repulsa e por fim, cai na melancolia árcade e seu minimalismo bucólico;

19. Nos poemas (pág 90-91), tensão entre um sentimento expressivo e vivo para um maneirismo árcade e cultista; eis uma tensão pré-concebida;

20.Uso da mitologia como propulsor de variadas intenções poéticas: Mito de Polifemo e Lize, a ninfa; eis sua multiplicidade de vertentes;
- Influência Barroca na busca dos símbolos e mitos integralmente; não como explicação da verdade (neo-clássico) mas como representante da linguagem;
- Utilizou a visão de Metastasio (retirando do tema o lirismo amoroso, a ternura e a nostalgia e deixando o drama, confinando em ópera bufa, manifestando somente os aspectos burlescos; (em outras palavras, utilizou desta versão o estilo, para que fosse possível arcaizar o texto);
- Como forma de lirismo e sentimentalismo, elemento natural, buscou a proximidade de Gôngora, utilizando a retórica barroca e o mito cultista da linguagem;
- Através do drama de Polifemo e Lize, deste grande conflito poético, movem-se as forças para a compreensão da poética de Cláudio: cultista x árcade; emotivo x racional; simplório x adornado; terno x duro; sentimental x filosófico;

21.Vila Rica: ao modo de Caramuru, Uraguai; ao modo do pensamento Romano: Ovídio, Virgílio, Teócrito; Petrarca e o grande Homero; um poema de caráter épico: o foi?

22.“Poema Fastidioso e medíocre”; “abaixo de tudo o quanto fez”; Não aceitou o sistema métrico tradicional; usou uma métrica solta; estava entre o uso de uma forma cultista fixa (pela naturalidade) e tampouco poderia utilizar de um verso branco;

23.Poema totalmente ponderado na “verdade” imediata de fatos históricos e herança iluminista de Voltaire;

24.Têmporas de cópia perante o voluptuosa obra de Basílio da Gama; morte de Aurora; relação branco / índio (precursor em Basílio da Gama);

25.Momento áureo de necessidade de “metamorfose” poética, como em um sentido de necessidade de adequação ao moderno, pelo fracasso que passava Cláudio na metrópole; (sua sina, a de sempre querer o sucesso, banalizou-se na falta dele); a questão espiritual destoa em seus poemas; (pag. 101)

Comentários

Anônimo disse…
ateh que enfim!!!!!!!!!!
consegui acessar aqui!! prof. por favor mande-me o material do trabalho! estou precisando urgentee!!! per favore!! rsss
cuide-se
bjs
Andress
Anônimo disse…
Professor eu queria uma analis do soneto VIII de claudio manuel da costas mas naum encontro se possivel me manda urgentemente ficaria muito agradecido
lennon_leniard@yahoo.com.br
Unknown disse…
Olá professor!
Parabéns pelo belo trabalho. Estava fazendo uma pesquisa e esse seu trabalho me ajudou bastante.
Anônimo disse…
Olá, Professor
Gostaria de possuir mais dados sobre o soneto IV do livro Obras Claudio Manuel da Costa, preciso urgente, pois necessito de algumas comprovações sobre alguns termos que retrata o poema ..efeito de sentido etc,.....
Obrigada Adriana
Anônimo disse…
Olá. Eu preciso da análise de três sonetos do Cláudio Manuel da Costa: soneto VI, soneto VIII e soneto LXXX. Seria possível o senhor mandar para meu e-mail?
Muito obrigada desde já.
E-mail: amora_morango@hotmail.com