PARADIGMAS PARA O ENTENDIMENTO DO PÓS-MODERNO


                                                                                Por Prof. Rômulo Giácome Fernandes

1. A literatura pós moderna não pode ser confundida com pós-modernidade;a pós-modernidade situa-se na confluência de situações expostas pela sociologia da cultura; onde as manifestações culturais e sociais podem ser analisadas por um perfil de manifestação da sociedade; na literatura, o conceito de pós-modernidade é rotular, e serve como denominação estética e não social; demarca o momento de um início de “crise” literária a partir das manifestações neo-concretas, o que seria o epicentro das discussões em torno da Tradição e da Modernidade.

2. O pós-modernismo tem sua existência condicionada ao ato da semana de arte moderna e seus derivados; a pós-modernidade literária tem relação com o avanço dos estudos da linguagem das primeiras décadas de 1900, com o aglomerado de teorias existenciais, fenomenológicas, físicas e outras que fomentaram o espírito da ciência e da experiência humana; o vínculo com os estudos da escola de Frankfurt assinalaram o vínculo da arte com o mercado e a massmedia, o consumo do objeto estético.

3. A pós-modernidade (literária) tem seu arcabouço na visão cética do mundo, da arte, da vida, do sentimento e da própria ciência teórica, que foi levada a cabo pelo advento das ciências experimentais objetivas; é uma espécie de anti-ideologia, por encarar o fim do processo histórico, o fim das lutas de classe, o fim de um ponto em si mesma. É a ausência de motivos. 



4. Ela buscou no advento da comunicação de massa, massmedia, que tem a possibilidade de ecoar por uma área maior, novas formas de mídia e veiculação, aproximando-se na música popular; neste momento existe uma adequação aos padrões da “Indústria Cultural”, onde ela essencialmente deixa de possuir alteridade; neste cruzamento de intencionalidades, a literatura no Brasil passa a ser vinculada ao mercado editorial, deixando de lado a premissa do estado como mentor e provedor.

5. Foi um campo propício às tendências e tendenciosos, visto que o celeiro intelectual estava povoado de novas idéias e outras não tão novas assim; esta proliferação acometeu-se no multiculturalismo. (crítica feminista, homossexual, parasexual, proletariada, capitalista, colonialista, multigeneralista). Este povoamento se deu pelo fato de uma literatura do esgotamento (Jonh Barth) e de uma crise da consciência européia, onde abriria as portas para um “vácuo” intelectual, povoado por novas tendências.

6. A proximidade com outras mídias, criou no mundo mediático, a possibilidade de gêneros mesclarem-se e perderem a sua conceitualização antiga: “a velha rixa letra de música não é poesia”; passam a dialogar a imagem, o som, o movimento e outras naturezas mediáticas, como a Internet, a televisão e a revista cultural.

7. As décadas de 80 e 90 foram tomadas pelo conceito semiótico de “síncrese”; (união íntegra e integral do emissor com o interpretante, por meio da analogia passional); podemos exemplificar com a massiva adequação ao imaginário popular de mitos como Cazuza e Renato Russo; uma combinação perfeita de fórmula do “ser”, por meio da relação sintomática de discurso com biografia. (criação de mitos); um falar para quem se quer ouvir, ao mesmo tempo que um dizer que apraz pelo que já foi dito; um saber a quem e como; e um interpretante sabendo o quer ouvir e ouvindo;

8. A possibilidade de criação de Mitos sem a ingenuidade mística e simbólica das religiões, nem com a vertente aproximada do ato heroico; a canonização do ente risível; os mitos passam a ser mais volúveis e voláteis, dependendo do contexto. Não estão mais calcados no pedestal religioso / científico, como explicação do mundo e das coisas inexplicáveis, mas sim relacionados ao “ser” em sua posição central de consumista da própria imagem, do próprio ego. (mitos sexuais, mitos no esporte, mitos na cultura Pop)

9. O niilismo do período pós-punk, dos varões alternativos; o período da contra-cultura universitária (década de 70); a negação da literatura e a negação do livro; valorização do esquecimento e do impressionismo momentâneo; utilização da pop arte, das diretrizes do Marketing e das logo-marcas do consumo ideológico e panfletário; O concretismo possibilitou a supervalorização da linguagem iconográfica, que geriu no pós-moderno os Layouts, o outdoor, as camisetas, como mecanismos de propulsão cultural. A pintura também passou por um momento de re-compilação da arte já produzida e da confecção da arte em série (Andy Warhool).

10. O uso do Pastiche. Um processo de re-modelação dos padrões que deram certo, uma re-colocação do objeto artístico dentro do círculo crítico voltado para ele. O re-posicionamento do objeto estético em lugares não artísticos (muros, praças), que deu vazão ao cultural social (o hip-hop, o grafite). Assim como a utilização de objetos não estéticos em contextos culturais. (o vaso sanitário de Marcel Ducamp no museu de arte moderna).

11. Utilização dos Blogs; sites pessoais onde impera estórias minimalistas que retratam um cotidiano jovem ou banal, com perspectivas líricas volúveis e momentos de mosaicos sociais; crônicas bizarras e contos curtos;

12. Uso do choque pela imagem; das disformidades imagéticas literárias; dissonância como forma de distanciar o objeto do código linguístico; atrito por mexer com o inventário dos costumes literários, ao negar qualquer padrão de metáfora e linguagem; teoria de Frederic Jamesom “vivemos em um período fetichista pelo visual”; erótico-visual (as forças que movimentam a sociedade estão centradas no id Freudiano, o instinto)


13. Valorização da subjetividade pessoal; descomprometimento com o item universal ou com a causa estética; prazer no ato de expor; função expressionista; o pós-moderno é extremamente auto-biográfico; particular e egocêntrico.

14. Comprometimento com a identidade; o universo de sentido está no autor e não no seu texto; a obra é um portal para a possibilidade do autor e de seu leitor uma proximidade;

15. Desfragmentação do gênero narrativo; destroçamento do núcleo do enredo e da estrutura clássica romanesca; distanciamento do cânone clássico; uso do narrador multi-focal; da personagem intrusa e ausente; falta de definição do código e da mensagem da obra; prática da Brincolagem e do diário como celebração ao ser.


16. A pós-modernidade (literária) age com a movimentação fórica do consumo, com as mesmas estratégias e os mesmo adjetivo quantitativos; Marketing.

17. Uma relação com o real em sua porção diametral: analogia extensiva e em forma de escalas; diminuição da narrativa como forma de atingir a concisão absoluta e o poder da comunicação pelo signo virtual; (virtuema); desproporção caótica, da relação com a teoria do Caos e da formação das esferas de harmonia no interior do Interceptor da mensagem;

Referências Sugeridas

ADORNO, T. MORIN, E. La Industria Cultural. Galerna: Buenos Aires, 1967.

BERMAN, M. Porque o Modernismo ainda vigora. Rio de Janeiro: CIC
        (Papeis e Vulsos No. 01), 1989.

CALVINO, I. Seis Propostas para o Próximo Milênio. Trad.Ivo Barroso. São
         Paulo: Companhia das Letras, 1990
  
CARDOSO, Liana. Pós-Modernidade: Dois Resumos. Alex Callinicos (1985) e     
        Gerard Raulet (1986). Rio de Janeiro: Série Estudos Ciências Sociais, N.º    
        07, 1987.
  
HABERMAS, J. Arquitetura Moderna e Pós-Moderna. In:  Novos
          Estudos N.º 18, São Paulo, 1987.


JAMESON, Frederic. Pós –modernismo: a lógica cultural do capitalismo
          tardio São Paulo: Ática, 1996.

LYOTARD, J. F. A Condição Pós-Moderna. Trad. José Bragança de
        Miranda.Lisboa: Gradiva, 1989.

  _________, J. Discurso Filosófico da Modernidade. Lisboa: Dom Quixote,
         1990.

 LYOTARD, J. F. O Pós-Moderno explicado às crianças. 2.ª ed. Lisboa, 1993.


 MORICONI, I. Pós-modernismo e volta do sublime na poesia brasileira. In:
           Poesia Hoje. Celia Pedrosa, Cláudia Matos, Evando Nascimento. (org).
          Niterói: EdUFF, 1998.

  





Comentários

Anônimo disse…
OIEEEEEE
prof. p/ prova é só estudar isso??????????? ñ tem mais nada, neh?!
andress
Anônimo disse…
Professor a obra canaã é maravilhosa, altamente descritiva e realista como os meus contos, eu enxergava claramente meus personagens interagindo dentro da obra duma forma superexcitante, agora entendo o que o professor sérgio queria dizer quando dizia que tínhamos que ter orgasmos múltiplos literários para produzirmos literatura. o livro é IMPERDÍVEL!!!! abraços!!!!
FLAVIO disse…
Cara, já pensou em criar uma série de vídeos falando sobre as escolas literárias?
Seria muito top!