POEMAS (By Rômulo Giacome)

REPUBLICANDO TEXTOS (Safra 2003, 2004 e 2005)

Uma linha na solidão branca;
Nos sonhos leves delírios;
Neves vivas olhos em sangue;
Lírios em mim em nós;
Por todo o corpo um cheiro azul;
Espalhando escamas no rosto branco da musa;
Não; não existem idéias;
palavras tem cheiro; e nada mais
Estão escassas as ruas nuas ainda que vão;
Quem me disse da estruturas ou das escrituras?
Louvado seja eu, que nasci escrito;
Apenas uma linha na solidão branca;
(Rômulo Giácome - 2004)


O fogo repleto em um espaço incerto
Inseto morto no cume da água
queimava mais que lágrimas
No tato incerto de uma língua fogosa

Vagando Moribundo
Marimbondo

tocando a ponta do teu começo

Trombone d´água rugindo nua
Dizendo sempre: tua, tua.

Mas é por demais assim
Um inseto morto no leito d´água
Lançando fogo no olhar sedento
Sede queimando o momento
Sede de tempo e de vento.
(Rômulo Giácome – 2003)

procuro um estado onde a palavra não trema
o som não saia
e não pingue em mim
um clarão de luz
procuro um estado onde a sorte tarde
e tardiamente vazia
recaia
o por do sol

procuro a mancha da idéia em teu sorriso
caustificando
a claustrofóbica dúvida
no contorno da sua presença
um fio de razão
cortando o tempo e a emoção
vazando as nuvens
letargicamente inspirando os mortos a aparecer

vestidos de vida aparecem os mortos
cruzes empunhando o juízo
poças de vida por sobre o asfalto
poças de texto em cima do texto
pingos de i em cima do ponto
pontos na pele de um urso branco

na ressurreição da terra
uma pequena gota de água
sulcando o solo
sulco de espera
lacuna conjuntiva
desesperado o poema procura
um lugar no céu ou no inferno
um lugar para cair
um lugar para morrer em paz

ACEITAÇÃO

as paredes da casa fechavam por sobre os ombros,

alinhados sob a muralha de consciências disparadas na imensidão dos sonhos

juntam restos humanos por sobre folhas mortas atadas ao toco

sustenta o resto da vida que existe no peito depois do horror?

O tempo batuca nas cabeças vazias
O espaço estica na órbita do olho
O resto de jeito que fica no certo
Um resto de certo que fica no torto
Um resto de mundo que fica no texto
Um resto de texto que fica no mundo

Rômulo Giácome, junho de 2005

Comentários

Anônimo disse…
Uma linha na solidão branca... Caramba Rômulo, você estava realmente muitíssimo inspirado em 2004, e continua até hoje. Olha é de fato um belíssimo poema, que nos remete a verve dos poemas mais belos de nossa língua. Parabéns amigo!