O FACEBOOK E A SUA “CONTRIBUIÇÃO” PARA OS ERROS GRAMATICAIS NAS PRODUÇÕES TEXTUAIS DOS ALUNOS* (Artigo)
Cícera Carolina de Sousa da Silva[2]
Rômulo Giácome Fernandes[3]
Resumo
O presente artigo
apresenta uma análise na área linguística e gramatical, tendo como objeto de
estudo a linguagem do Facebook e sua
contribuição para os erros gramaticais encontrados nas produções textuais dos
alunos. Busca pesquisar, identificar, relacionar e entender como a influência
da linguagem usada na rede social Facebook,
afeta e compromete a produção textual dos alunos. A natureza da pesquisa parte
do postulado dedutivo e indutivo, com revisão bibliográfica, exploração de
referências, coleta e análise de dados. A pesquisa trabalha com alunos dos 7º ano do ensino
fundamental de uma escola pública, os quais responderam a questionários
socioeconômicos e construíram textos que
serviram como corpus para a análise da pesquisa. Foi feita uma tabela contendo
os principais desvios da norma culta da língua encontrados nos textos, com a
porcentagem de ocorrência desses desvios por texto, exemplos e correções dos desvios.
Mediante estudos, foi composto um conjunto de conceitos sobre a linguagem do Facebook, intentando relacionar os
desvios encontrados nos textos a essa forma de linguagem.
INTRODUÇÃO
As tecnologias de informação e
comunicação têm trazido grandes avanços nas modalidades da escrita. São vários
os meios de acesso às informações que chegam a nós com velocidade incrível,
entre eles destacam-se os celulares, tablets
e computadores. A maioria das informações surge pelas redes sociais e o Facebook ganha destaque nesse contexto,
pois é, até a presente pesquisa, a rede social mais usada no mundo e com maior
número de usuários, sendo 1,5 bilhão de usuários no planeta, sendo 83 milhões
de contas no Brasil que é considerado o terceiro maior país usuário da rede.
Os adolescentes são frutos dessa geração
informatizada, e fazem parte de um grande grupo de usuários do Facebook, nesse caso surge um problema,
pois, o Facebook é uma rede social
onde a linguagem usada para comunicação é o “internetês” termo para designar a linguagem virtual composta por
abreviações, marcas orais, caracteres, numa escrita rápida onde a informação é
a única preocupação, sem respeito à pontuação, parágrafos, acentuações,
coerência, coesão, ou qualquer outro aspecto da norma culta da língua.
O adolescente como ser em formação, na
sua fase de conflitos, não está pronto para entender que a linguagem usada no Facebook é uma nova forma de linguagem,
diferente do Português padrão o qual ele deve usar na sua escrita nas produções
textuais em sala de aula, isso gera uma grande ocorrência de erros
(considerando a gramática normativa) nos textos produzidos pelos alunos em sala
e não apenas nos textos, mas em questões discursivas e em toda sua forma de
escrita.
O que se entende é que o uso contínuo da
comunicação virtual tem limitado o vocabulário dos adolescentes uma vez que no
bate papo no Facebook a pessoa usa
frases curtas e abreviações e a compreensão dos textos dá-se por meio da
fonética, dessa forma contribuindo positivamente para a agregação do
adolescente ao mundo virtual e sua linguagem, mas negativamente para o processo
de aprendizagem da língua padrão.
Nesse contexto, a pesquisa tem como
objetivo identificar os erros gramaticais, abreviações e marcas de oralidade
nas produções textuais dos alunos e relacionar com a linguagem usada por eles
no Facebook, assim como, entender o
uso dessa linguagem e sugerir técnicas e métodos aos professores, para tornar o
Facebook um recurso didático no
ensino das normas gramaticais, uma vez que, segundo Fasciani (1998, p.119), “[...]
nenhum instrumento ou tecnologia inventada pelo homem pode ser intrinsecamente
positivo ou negativo, certo ou errado, útil ou perigoso. É só a utilização que
disso se faz que pode ser julgada com regras éticas”. Para tal, foi composto um
conjunto de conceitos sobre a linguagem virtual, sobre o Facebook, seus caracteres e a influência dessa linguagem nos textos
dos alunos.
1 A LINGUAGEM DA INTERNET
Existe
uma relação intrínseca entre língua, linguagem e sociedade, Saussure (2004,
p.20) afirma que “a linguagem é um fato social”. Diz ainda que “[...] os
costumes duma nação têm repercussão na língua e, por outro lado, é em grande
parte a língua que constitui a Nação” (SAUSSURE, 2004, p.29). As línguas são
reflexos de sociedades e épocas, e o léxico é a parte que acompanha as
alterações sociais. O vocabulário e sua forma de expressão indicam o estado de
desenvolvimento de uma sociedade, nesse sentido o século XX teve prodígio com o
surgimento do computador e da comunicação em rede, surgindo a partir dai uma
nova forma de comunicação e linguagem, Costa (2005, p.24) destaca que existem
semelhanças “quanto ao processo interativo de produção discursiva na conversação
face a face e nas salas de bate-papo (chats)
na internet”, estas semelhanças implicam diretamente no “uso do código escrito
e nas escolhas linguística mais próprias da linguagem espontânea e informal
oral cotidiano”, destacam-se nessa semelhança a conversa em tempo real, a
correção on-line, comunicação
síncrona, a linguagem truncada e reduzida. Mas existem algumas diferenças que
segundo Costa (2005, p.24) “[...] confirmam o processo simultâneo de construção
da linguagem e do discurso. Podemos resumi-las na realidade “real” da
conversação cotidiana e na realidade “virtual” da conversação
internáutica [...]”.
A
Internet revolucionou o mundo das comunicações, suscita e expressa um novo
ambiente de comunicação diferenciado que interfere sobre a escrita culta padrão
para interagir. Escrever teclando no computador, especialmente on‐line, é
certamente algo que induziu a inovações, descrita por Othero (2004, p. 23) como
“Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais [...]. Frases
curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que sejam
escritas no menor tempo possível”.
Essa
escrita particular e específica é chamada de internetês. Que engloba as
características da escrita e da oralidade fundindo assim um, um novo “código escrito
oralizado” (BISOGONIN, 2008, P.3). Essa nova modalidade de expressão,
construída em um espaço reduzido para acomodar caracteres, utiliza um grande
número de abreviaturas, siglas, neologismos, palavras cifradas,
estrangeirismos, desenhos, ícones e símbolos...
1.1
O FACEBOOK, ESCRITA VIRTUAL E SEUS
CARACTERES
O
Facebook foi criado em 2004, por Mark
Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, três estudantes da Universidade de
Harvard, o site foi projetado para interação entre os estudantes. Eles o
chamaram “thefacebook.com”,
tomando grande proporção na Harvard. Um mês após seu lançamento, os criadores o
expandiram para incluir estudantes de Stanford, Columbia e Yale. Em 2005 o nome
do site foi mudado para Facebook e
expandindo sua rede, conseguiu mais de 5 milhões de usuários, com apenas um ano
de uso.
O
Facebook atingiu a marca de 45
milhões de brasileiros cadastrados em 2012 e no último semestre de 2013 foram
contabilizados mais de 83 milhões de perfis, em pesquisa realizada pela Hitwise,
ferramenta de inteligência em marketing digital da Serasa Experian. O Brasil teve o maior
crescimento entre todos os países da América Latina.
Hoje,
o Facebook é usado por variados
grupos sem selecionar faixa etária, classe social, etnia e é considerado um
site de relacionamento social. A conta é criada gratuitamente onde no termo de
uso você deve declarar que tem pelo menos 13 anos.
Uma
característica do Facebook é possibilitar
aos usuários acesso em tempo real a informações, devido à tecnologia de acesso
a internet através de celulares e tablets, que estão constante e
diariamente nas mãos dos jovens. As conversas tornam-se mais e mais frequentes
e os assuntos são os mais variados possíveis.
No
processo de escrita online não é
possível demonstrarmos nossos sentimentos de tristeza, angústia ou raiva, pois
não contamos com o som, o que faz com que os usuários do Facebook usem outras formas de demonstrarem seus sentimentos.
Pereira e Moura (2005, p. 76) acrescentam que “nesse sentido, recursos como
ponto de interrogação, de exclamação e reticências são utilizados, em excesso,
pelos papeadores, com o objetivo de dar à escrita a entonação própria da fala”.
Com isso, ao lermos uma palavra com vários pontos de exclamação ou com o
alongamento da palavra, percebemos que o emissor da mensagem tem a intenção de dar
destaque àquela expressão e o sentimento agregado a ela é entendido no contexto
da mensagem.
Além
das expressões criadas através do alongamento das palavras e pontuações, outra
característica são as expressões onomatopeias, onde a pessoa escreve a palavra
usando o aspecto sonoro dela e não a forma escrita padrão e muitas vezes
reproduzindo pela escrita um som de alguma coisa que queira expressar.
Outra
forma muito usada são os caracteres, os emotions,
que segundo Freire (2003, p.27)
“surgiram por volta de 1980 para expressar os sentimentos daquele que escreve:
alegria, raiva, dúvida, etc.” e os emotiocons que
são figuras coloridas e comuns nas conversas no bate-papo do Facebook, hoje tipos diversos já estão
disponíveis e para acessar e usar basta baixá-los no celular, computador ou tablet.
Os
usuários do Facebook fazem, de forma
muito criativa, uso de muitos recursos para tornar a conversa o mais próximo
possível do diálogo presencial, entre esses recursos pode se destacar marcas da
oralidade, abreviações e neologismos.
1.2 A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM DO FACEBOOK NOS TEXTOS DOS ALUNOS
As tecnologias têm se tornado febre em
meio à sociedade jovem brasileira, os jovens têm adotado esse meio de
comunicação de forma extremamente rápida e cada vez com menos idade, crianças
de cinco anos já possuem celulares, crianças de três anos já sabem usar jogos
nos tablets, os adolescentes em sua
maioria possuem celulares de última geração, independente muitas vezes da
classe social a qual pertença.
As
experiências orais adquiridas pelos jovens sempre são trazidas para a sala de
aula, assim como seu convívio com o uso diferenciado de escritas encontradas na
sociedade atual, e o Facebook ganha
destaque nesse processo, uma vez que faz parte da rotina diária da maioria dos
jovens que usam a rede social constantemente, lendo e escrevendo postagens e
conversando pelo bate-papo, dessa
forma o jovem convive com interferências linguísticas orais e vários tipos de
produção escrita que surgem na sua página de feeds de notícias e nas conversas com outros usuários.
Esse novo jeito de comunicar, de acordo com
Bagno (2007 p.20) “do ponto de vista dos usuários da língua, podemos dizer que
é bom, porque dá provas de vitalidade e capacidade de adaptação às exigências
da vida moderna”. Entretanto essa produção escrita tem gerado conflitos na
cabeça do jovem, uma vez que passa horas em frente ao computador ou celular
lendo e escrevendo usando termos da oralidade, caracteres e abreviações,
acostumando-se assim a esse tipo de produção textual, e quando chega à sala de
aula ele não consegue usar o português padrão para fazer suas produções, pois
não convive com essa forma de escrita a não ser nas poucas horas que passa na
escola.
O
aluno do 7º ano ainda não consegue estabelecer a diferença entre a língua
escrita e a língua falada com clareza, que Segundo Shepherd (1984), “fala e escritos
são dois sistemas independentes de comunicação, mesmo que inter-relacionados,
com características linguísticas próprias e compartilhando a mesma gramática.”
O autor afirma que na fala a unidade natural é a frase ou oração “às vezes
atada de forma bem solta” (p.158), enquanto que “a unidade natural da escrita é
o parágrafo que deve consistir de sentenças bem atadas em termos de coesão,
expressando um conjunto de funções retóricas lógicas” (p.158). É por isso que
geralmente a forma escrita é mais explícita, curta e concisa. Nesse caso é
gerado um problema, pois no Facebook
usa-se a língua escrita, mas com expressões que caracterizam a fala, no entanto
é uma variação diastrática da escrita, ocorrida por estratos sociais, usada por
usuários da rede, mas o aluno na sua inexperiência acaba por usar tais termos
em sua escrita diária, sem se ater ao fato de estar usando uma nova forma de
linguagem.
Devido
ao uso constante da linguagem virtual e suas propriedades, as produções
textuais estão ricas em termos próprios do Facebook,
caracterizando-se pelo professor como erro, por fugir da norma padrão da língua
portuguesa.
2 ANÁLISE DOS DADOS
A presente pesquisa parte do
método dedutivo, de caráter descritivo, com exposição e análise de informações
acerca do tema matriz.
Utilizamos o método dedutivo
de caráter descritivo que, de acordo com Gil (1999, p. 27); “Parte de
princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua
lógica”.
Para sua efetivação, realizamos revisão
bibliográfica e exploração de referências com intuito de constituir o referencial
teórico e a partir de então partimos para a coleta e análise de dados.
Para coleta dos dados construímos uma
tabela de classificação às abreviaturas e outros erros que podem ser atribuídos
ao Facebook.
Fizemos um questionário socioeconômico
para levantamento de dados pertinentes a pesquisa, e aplicamos aos alunos.
Fizemos entrevistas abertas com os
alunos a respeito do tema em questão, a fim de introduzir-lhes o contexto.
Elaboramos um tema para construção das
redações que serviram como corpus para análise.
O público-alvo da pesquisa é constituído
por 25 alunos do 7º ano do ensino fundamental, usuários das redes sociais, sendo
13 meninos e 12 meninas. 32% dos entrevistados residem com os progenitores, 100%
confirma ter acesso à internet, e 60%% usa o celular como meio pelo qual mais
acessa a internet, 100% dos alunos entrevistados possuem conta no Facebook e 44%
fica online mais de 10 horas por dia, 24% fica conectado mais de 5 horas por
dia e 32% menos de três horas por dia. Os entrevistados afirmam que o tempo de
uso da internet é o mesmo tempo de acesso ao Facebook, uma vez que ficam com sua conta aberta durante o acesso.
Existe uma restrição quanto ao uso do celular e do Facebook na escola, mas essa restrição acontece apenas no horário
de aula, 56% dos alunos dizem não respeitar essa regra. Questionados sobre o
que mais fazem no Facebook, a conversa online (Chat) foi o mais citado, seguido pela vizualização de vídeos e
imagens, comentários e postagens. Quanto
ao uso da linguagem do Facebook e a
linguagem usada na escola 32% dos alunos afirmam não haver diferença, e 68%
consideram que são linguagens distintas. Os alunos não têm consciência de que a
linguagem virtual afeta a produção textual, 84% afirma que a internet não atrapalha
seu desempenho na produção textual escolar. 100% dos alunos têm dificuldade
quanto ao uso da língua culta na escrita escolar, e atribuem essa dificuldade
ao fato de não terem domínio e interesse no aprendizado. Um fator importante e
não menos relevante é o fato de que os pais não acompanham a vida escolar dos
alunos, apenas 36% dos entrevistados afirmam que seus pais acompanham o
rendimento escolar, olham os cadernos e ajudam na tarefa de casa. O celular
perdeu sua função original e prioritária, ao menos para os adolescentes entrevistados,
pois 80% afirmam usar o celular apenas para jogos e acesso a redes sociais. O
lócus da pesquisa foi em uma escola pública de Pimenta Bueno-RO.
Para
a produção dos textos, a professora de Filosofia fez abordagem do assunto com
aplicação do tema “Os malefícios da internet na vida do adolescente”, fez
exposição e explicação do tema, para ampliação do conhecimento dos alunos, e em
seguida solicitou que escrevessem um texto em forma de diálogo, no qual uma mãe
tenta explicar para a filha, viciada em internet, os malefícios que isso pode
acarretar na sua vida. Para que não houvesse influência nas produções dos
textos, não foi exposta aos alunos a verdadeira intenção da pesquisa.
Os
problemas encontrados nos textos estão relacionados em uma tabela abaixo e
distribuídos por categorias, as quais mais se destacam nos textos e que não se
adéquam a norma culta da língua.
TIPO DE ANÁLISE
|
Percentual de
redações que apresentam problemas quanto à norma culta
|
Média de erros por
redação
|
Exemplos do erro
|
Forma correta de
escrita
|
Pontuação
|
100%
|
De 3 a 24 erros
|
1. “Sobre o que mãe”
2. “Não você tem que se concentrar mais nos seus estudos” 3. “... e sua mãe falava saia do pé do conpultador...” |
1. “Sobre o que mãe?”
2. “Não, você precisa se concentrar mais nos seus estudos.” 3. “... e sua mãe falava: _ Saia do pé do computador...” |
Acentuação
|
100%
|
De 1 a 14 erros
|
1. “Va agora para o sofar”
2. “... meus parabems...” 3. “... e pra voce diminuir.” |
1. “Vá agora para o sofá.”
2. “... meus parabéns...” 3. “... é para você diminuir.” |
Letras maiúsculas no meio de frase
|
56%
|
De 1 a 25 erros
|
1. “...internet e Bom Prá Pesquisa...”
(red.11)
2. “... me deixa Por que Agora eu to de Bate-Papo...” (red.10) 3. “... a mae Chinga a Propia fiha” (red. 12) |
1. “... internet é um bom lugar para
pesquisar...”
2. “... deixe-me! Porque agora eu estou em um bate-papo...” 3. “... a mãe xinga a própria filha” |
Letras minúsculas em substantivos
próprios e início de frase
|
96%
|
De 1 a 20 erros
|
1. “não quero saber.” (red.18)
2. “nãe Eu vou Enbora de casa” (red.24) 3. “...e ai ana pode ser” (red.4) |
1. “Não quero saber.” (red.18)
2. “Mãe, eu vou embora de casa” (red.24) 3. “... então Ana, combinado?” (red.4) |
Uso dos "porques"
|
*32%
|
De 1 a 4 erros
|
1. “...vamos falar sobre o por que você
fica so na internet.” (red.4)
2. “sobre a internet. Porque.” (red.17) 3. “...eu não quero por que você não vai deixa...” (red.5) |
1. “... vamos falar sobre o porquê de você ficar
só na internet.” (red.4)
2. “Sobre a internet? Por quê?” (red.17) 3. “... eu não quero, porque você não vai deixar...” (red.5) |
Concordância Verbal
|
72%
|
De 1 a 3 erros
|
1. “... as coisa não é assim.” (red.1)
2. “... não tem porque elas vim aqui” (red.7) 3. “... você é o dia todo na internet...” (red.14) |
1. “... as coisas não são assim.” (red.1)
2. “... não tem porque elas virem aqui.” (red.7) 3. “... você fica o dia todo na internet...” (red.14) |
Concordância nominal
|
64%
|
De 1 a 4 erros
|
1. “... ela tem coisas ruim.” (red.3)
2. “Você nem da mais atenção para os seu colegas...” (red.7) 3. “... Prejudica as vista...” (red.22) |
1. “... ela tem coisas ruins.” (red.3)
2. “Você nem dá mais atenção para os seus colegas...” (red.7) 3. “... Prejudica a visão...” (red.22) |
Emprego dos pronomes
|
24%
|
De 1 a 2 erros
|
1. “... esta valando isto Para nim sai do
conputado.” (red.12)
2. “Não fala assim com migo...” (red.25) 3. “O filha pr de mim chinga” (red.21) |
1. “... está falando isso para eu sair do
computador.” (red.12)
2. “Não fale assim comigo...” (red.25) 3. “Filha, pare de me xingar” (red.21) |
Oralidade
|
100%
|
De 12 a 15 erros
|
1. “ta bom você pormete.” (red.5)
2. “num ta vendo que eu to num bate-papo...” (red.8) 3. “A eu to nem ai pra algum trocha mal entencionado” (red.15) |
1. “Está bem. Você promete?” (red.5)
2. “... Não está vendo que eu estou em um bate-papo...” (red.8) 3. “Ah! Eu não me importo com alguém mal intencionado” (red.15) |
Internetês
|
24%
|
De 1 a 16 erros
|
1. “Ok mãe xau bjjs.” (red.6)
2. “pq é os meus amigos...” (red.18) 3. “Eu ñ kkk” (red.21) |
1. “Tudo bem mãe. Tchau. Beijos.” (red.6)
2. “Porque são os meus amigos...” (red.18) 3. “Eu não. (risos)” (red.21) |
Uso da Crase
|
8%
|
De 1 a 2 erros
|
1. “... de manhã eu vou a escola...” (red.16)
|
1. “... de
manhã eu vou à escola...” (red.16)
|
Neologismos
|
12%
|
De 1 a 2 erros
|
1. “... e já ta viciada no zap zap...”
(red.9)
2. “... você so fica na internete, coisa de feice...” (red.4) |
1. “... e já está viciada no WhatsApp...” (red.9)
2. “... você só fica na internet, coisa de Facebook...” (red.4) |
Ortografia
|
100%
|
De 1 a 35 erros
|
1. “...não
fala com ningei sono ceu mudo...” (red.5)
2. “tá mãe eu cha vó...” (red13) 3. “... porrisso vose pode voutar...” (red.20) |
1. “... não
fala com ninguém, só no seu mundo...” (red.5)
2. “Sim mãe, eu já vou...” (red13) 3. “... por isso, você pode voltar...” (red.20) |
Troca do "m" pelo
"n"
|
36%
|
De 1 a 23 erros
|
1. “mae ne dexa em paz.” (red.1)
2. “...vamos fazer um conbinado” (red.4) 3. “nãe nois vai fazer uma viajen” (red.18) |
1. “mãe, me deixe em paz!” (red.1)
2. “... vamos fazer um combinado?” (red.4) 3. “mãe, nós vamos fazer uma viagem.” (red.18) |
Troca do "O" pelo
"E"
|
16%
|
De 1 a 6 erros
|
1. “... se voce repreva voce nãe vai
realizar seu sonho...” (red.1)
2. “... só nao mecher muite.” (red.16) 3. “... e o único jeite deu se comunicar...” (red.17) |
1. “... se você reprovar, você não vai realizar
seu sonho...” (red.1)
2. “... só não mexer muito.” (red.16) 3. “... é o único jeito de me comunicar...” (red.17) |
Emprego do verbo no infinitivo
|
64%
|
De 1 a 11 erros
|
1. “... e nãe ir estuda
voce vai repreva...” (red.1)
2. “... você tem que interagi com o mundo...” (red.5) 3. “... achá que não vai conta pra ninguém...” (red.11) |
1. “... e não ir estudar, você vai reprovar...”
(red.1)
2. “... você tem que interagir com o mundo...” (red.5) 3. “... achar que não vai contar pra ninguém...” (red.11) |
Troca do "mas" pelo
"mais"
|
44%
|
De 1 a 4 erros
|
1. “mais ate no café da manhã...” (red.19)
2. “... eu entendo mais isso já é um vício.” (red.9) 3. “... mais é muito bom mexe na iternet!” (red.6) |
1. “mas até no café da manhã...” (red.19)
2. “... eu entendo, mas isso já é um vício.” (red.9) 3. “... mas é muito bom mexer na internet!” (red.6) |
"X" E "CH"
|
44%
|
De 1 a 5 erros
|
1. “... filha pr de mim chinga” (red.21)
2. “... eu vou para de meche um poco” (red.16) 3. “Você já mecheu demais nessa internet...” (red.7) |
1. “... filha pare de me xingar.” (red.21)
2. “... eu vou parar de mexer um pouco” (red.16) 3. “Você já mexeu demais nessa internet...” (red.7) |
Preposições
|
40%
|
De 1 a 3 erros
|
1. “... vou sair mais meus amigos e passear.” (red.25)
2. “... agora senta aqui do meu lado” (red.16) 3. “... nós precisanos coversa de um asunto...” (red.15) |
1. “... vou sair com meus amigos e passear.”
(red.25)
2. “... agora senta aqui ao meu lado.” (red.16) 3. “... nós precisamos conversar sobre um assunto...” (red.15) |
3 RESULTADOS OBTIDOS
A pesquisa pode constatar
que a linguagem usada pelos alunos nas redes sociais, e em especial no Facebook, tem influenciado de forma
negativa nas produções textuais dos alunos, uma vez que fazem uso contínuo
dessa ferramenta e aprendem a usar a linguagem “escrita-oralizada”, limitando
seu léxico de conhecimento e expressões.
Os
alunos participantes da pesquisa fazem parte de uma comunidade carente de um
bairro periférico, com pouco ou nenhum acompanhamento da família em seu
cotidiano escolar. Essas famílias, por sua vez, não limitam os filhos quanto ao
tempo de uso da internet, isso também é um fator que contribui para tais erros,
pois como adolescentes, não sentem que têm obrigações, por isso os seus
direitos e deverem devem ser ensinados desde cedo.
Quanto à construção dos
textos, foram analisadas 25 redações, contendo entre 15 a 30 linhas escritas.
Foram encontradas inúmeras falhas, considerando a gramática normativa,
totalizando 1423 desvios da norma culta. Sendo que 612 desvios, totalizando
43%, são diretamente atribuídos à linguagem “escrita-oralizada”, utilizada no Facebook.
O uso da oralidade está
explícito nas redações, os alunos escrevem como se estivem realmente falando,
no seu cotidiano, usando a linguagem oral na escrita. Todas as redações possuem
palavras da linguagem oralizada, utilizada em grande escala na rede social Facebook, o que torna os textos repletos
de erros gramaticais, prejudicando o aprendizado e uso da escrita formal por
parte dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
lugar que o adolescente mais usa para se comunicar pela escrita são as redes
sociais, destacando-se entre estas o Facebook.
A “internetês”, linguagem da internet
usada no Facebook, permite que sejam
abreviadas palavras, até mesmo devido a sua forma de comunicação rápida, mas
isso tem influenciado na escrita do aluno, pois não sabem fazer separação entre
as várias formas de escritas, acabam, muitas vezes sem perceber, inserindo
termos e abreviações nos textos assim como termos da oralidade.
O
objetivo desse artigo foi analisar e identificar os erros de escrita dos alunos
e relacioná-los com a linguagem utilizada no Facebook, para entender a influência dessa rede social nos hábitos
de escrita dos alunos e consoante esses objetivos foram levantadas e
respondidas as problemáticas, afirmando a influência negativa do uso do Facebook para as produções textuais dos
alunos e comprovando a inserção da linguagem “escrita-oralizada” nas redações,
contribuindo para inúmeros desvios da norma culta da língua.
Foi
feita revisão bibliográfica, coleta e análise de dados, com formação de um
grupo controle, composto por 25 alunos do 7º ano do ensino fundamental, de uma
escola pública, que responderam a questionários socioeconômicos e construíram
textos, em forma de diálogo, que serviu como corpus para análise na pesquisa.
Mediante esses textos, pode-se levantar várias considerações sobre a influência
do Facebook nas produções textuais
dos alunos, e como essa influência tem sido negativa, com relação à norma culta
da Língua e ampliação do léxico.
A
análise dos textos torna claro o uso da oralidade nas produções textuais dos
alunos, que por sua vez, escrevem como se estivessem realmente conversando com
alguém oralmente, foram identificados 1423 desvios da norma culta da Língua, um
número muito alto, considerando a quantidade de linhas escritas em cada texto,
que variam entre 15 a 30, desses desvios, 43% fazem parte do vocabulário
utilizado nas redes sociais.
Pode-se perceber que os adolescentes
adotaram o hábito de escritas na internet,
seja para exaltar alguém, para ofender, para anunciar algo ou agradecer. A todo
o momento postam textos no Facebook,
devido ao fato de ter se tornado uma ferramenta portátil, ao ser ingressado
também nos celulares, as pessoas mantêm diálogo constante com seus amigos
através do chat do Facebook, recebendo e enviando
informações em tempo real através da escrita nessa rede social. Os alunos tem
se tornado mais comunicativos pela escrita ultimamente, entretanto, essa
comunicação tem interferido no processo de produção textual escolar, uma vez
que essas produções estão cada vez mais ricas de marcas de oralidade,
abreviações e neologismos, próprios da linguagem usada por eles no Facebook.
Essa pesquisa pode identificar e
comprovar que o Facebook atrapalha o
desenvolvimento escrito formal do aluno, entretanto, pode-se futuramente,
desenvolver uma nova pesquisa visando entender como transformar esse “mal
necessário” em uma ferramenta de apoio ao ensino das regras gramaticais? Uma
pesquisa importante e de grande benefício à sociedade, pois, sabe-se que tudo é
formado por opostos, não existiria o certo sem o errado, assim, pode-se usar a
linguagem do Facebook, para o ensino
de regras gramaticais indispensáveis à produção textual.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da
Educação. Parâmetros
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[*]Artigo
apresentado à Coordenação de Pós-Graduação do Curso de Especialização em
Gramática Normativa das Faculdades Integradas de Cacoal – UNESC, como
pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Gramática Normativa.
[2] Autora do Artigo, Professora e
Pesquisadora, Letróloga pela Unesc/Cacoal-RO, pós-graduanda em Gramática
Normativa pela Unesc/Cacoal-RO.
[3] Orientador do Artigo, Licenciado
em Letras pela UNIR, mestre em Teoria Literária pela UNESP-SP, doutorando em Teoria
Literária pela UNESP-SP, bacharel em Direito pela UNESC-RO.
Comentários
Obrigada. E que sirva para pesquisas futuras.
Abraços.