POESIA - O IMPACTO DA OBRA "AMARELOS" DE PAULO PASSOS - POETA DE RONDÔNIA QUE NOS DEIXOU PRECOCEMENTE
Suspenso nas
referências e estudos, refratando saberes e condensando linguagem ao máximo
possível, até explodir em imagem. Nesta costura intersemiótica, difícil prumo,
difícil lume. Seremos leitores e analistas atentos ao que Paulo não quis dizer,
como que vomitando aforismos com dor. Mas não existe dor maior que a do
esquecimento da palavra, palavra sem memória.
E Amarelos é jovem, tem 150 anos de poesia e 20 anos de Paulo; “Com alicate
amasso palavra / Com serrote alargo poros / Com pá desato ossaturas”. Com o
respeito à palavra e homenagem ao constructo, Amarelos é tecido lexema a
lexema, trombando-se, friccionando-se, agitando-se, nesta fissão atômica, na
busca de uma fagulha do original (este presente que surge quando quer) depois
de muita energia poética gasta.
E
Amarelos consegue, em lampejos mágicos de linguagem, atuando no limite do
possível, na retaguarda máxima da imagem, desconstruir o desconstruível para
erigir um pequeno átimo poético. Porque a poesia é a luz de soslaio, feita de
tentativa e erro.
Refrata o
amarelo na borda da xícara.
Extraio
enxurrada da gota trêmula.
Noite
dobrada de manhã se revelou nas gretas da mata.
Deus
arrastou cadeiras, amarrotou folhas celestes.
Abraço o
parafuso negado pelo imã.
Ventos
passam entre letras e caem blocos.
Quero ler mais Paulo. Triste saber que não. Que Amarelos significante exploda em sentido, e crie mais Paulos significados.
Para conhecer mais e ler esta obra forte, sincopada no esconder da palavra, no recorte do verso, segue o link.
Comentários